No livro “Antes de Partir – Uma vida transformada pelo convívio com pessoas diante da morte”, a enfermeira australiana Bronnie Ware descreve os cinco maiores arrependimentos das pessoas antes de morrer.
A palavra arrependimento é de origem grega (μετάνοια , metanoia[1] ) e significa conversão (tanto espiritual, bem como intelectual), mudança de direção, mente, atitudes, temperamentos, caráter, trabalho, geralmente conotando uma evolução. Então arrependimento quer dizer mudança de atitude, ou seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada anteriormente em determinado assunto específico. (Fonte Wikipédia)
Segue os arrependimentos segundo a autora:
MINHAS ESCOLHAS
O primeiro desses arrependimentos é: «Eu gostaria de ter priorizado as minhas escolhas em vez de ter feito escolhas para agradar aos outros.»;
Olhar para trás diante da finitude é o que traz mais inquietação. Diante da consciência da morte, olhamos para a vida que tivemos até àquele momento e repensamos as nossas escolhas;
Se podemos ser nós mesmos e se isso fizer de nós seres amados apenas pelo que somos, isso é felicidade, é completude. No entanto, se precisamos tornar-nos outra pessoa para nos considerarmos amados, há algo errado. É quase certo que nos arrependemos depois; não podemos ser aquilo que representamos para o outro. É um caminho muito perigoso;
Cultivamos a qualidade das nossas relações, e esse cultivo determinará se vamos desfrutar de boas companhias no fim da vida – ou se ficaremos sozinhos.
SENTIMENTOS SEM MÁSCARAS
Outro arrependimento que a enfermeira Bronnie Ware menciona no seu livro diz respeito a demonstrar sentimentos. Bronnie fala de «amor», especificamente, mas estendo essa definição para os sentimentos em geral, mesmo aqueles considerados maus;
Somos criados e educados para controlar a expressão dos nossos sentimentos. Para isso, usamos máscaras e disfarces. Para sermos aceitos, ouvidos e compreendidos, tornamo-nos capazes de esconder muito do que sentimos. Acreditamos que ocultar sentimentos pode proteger-nos;
Todos querem ser felizes. Mesmo aquelas pessoas que nos fazem mal desejam o mesmo que nós: uma vida feliz, plena de realizações;
Quando temos medo da exposição, não dizemos o que sentimos; colocamos a máscara;
Mas chega o momento em que tiramos a máscara e toda a gente nos vê. Estamos nus de corpo e alma;
A busca por segurança dentro do afeto é um buraco negro;
O mundo interior não tem grande potencial de transformação. O que tem grande potencial de transformação é o encontro verdadeiro com o outro, porque de outro ser humano talvez recebamos as chaves de algumas portas fechadas dentro de nós; portas que guardam grandes revelações e segredos a nosso respeito;
Da mesma forma, há pessoas que abrem espaços dentro de nós que revelam amor, paz, alegria;
A expressão do afeto é o que transforma, e sentimo-nos plenos na vida se formos instrumento de transformação;
Quando não demonstramos o afeto, ele fica guardado dentro de nós;
O tratamento mais eficaz que existe é a expressão honesta do que sentimos;
É preciso entender também que ter inimigos não é mau de todo. Às vezes é por meio deles que encontramos força e coragem para superar obstáculos. Os nossos amigos amam-nos como somos;
Frente aos nossos inimigos precisamos de demonstrar uma força inacreditável. Situações de conflito colocam-nos diante de sentimentos difíceis e de pessoas que, aparentemente, nos causam mal. Esses confrontos podem ser uma grande fonte de transformação, o impulso para descobrirmos a potência que temos dentro de nós;
Mesmo quando demonstramos um afeto com o qual é difícil lidar, oferecemos à pessoa do outro lado do ringue a oportunidade de também se transformar.
TRABALHAR PARA VIVER, VIVER PARA TRABALHAR
Outro arrependimento diz respeito a ter trabalhado demasiado. Se temos um trabalho que nos oferece a chance de deixar o mundo melhor, mesmo que só um pouco e só para poucas pessoas; se nos envolvemos nesse trabalho com verdadeira energia de transformação e nos realizamos, vemos sentido no fluxo que escolhemos, ainda que implique trabalhar muito;
Todos pensamos na vida como um tempo de realizações;
O que causa verdadeiro arrependimento é precisar de máscaras para sobreviver no ambiente profissional. Quando existe uma diferença entre quem somos na vida pessoal e quem somos no trabalho, então estamos em apuros;
Quando aceitamos que o nosso trabalho se distancie da nossa essência, temos a sensação de tempo desperdiçado, principalmente se preferimos a nossa essência ao nosso trabalho;
Mas também existe risco quando gostamos mais de ser aquela pessoa do trabalho, especialmente se só conseguimos pensar em nós mesmos como alguém porque trabalhamos. Essas pessoas podem ser incríveis no trabalho, mas na vida pessoal são um desastre. Quando se reformam, é como se morressem;
Fazer o bem para ser feliz na vida é diferente de fazer o bem para ser bem-sucedido no trabalho;
Pessoas que orientam a sua vida para o trabalho arrependem-se, principalmente se o motor for o cancro da humanidade: o medo;
Preciso de compreender a minha morte porque ela é minha;
Tudo o que recebemos pelo nosso trabalho tem a mesma energia que depositamos no nosso trabalho;
A energia que vem de um trabalho que não traz sentido à nossa vida é uma energia má, também.
AFINIDADES ELETIVAS
O quarto arrependimento descrito por Bronnie Ware diz respeito a passar mais tempo com os amigos;
Ainda assim, penso que estar com os amigos é vital. Com eles construímos relações mais honestas e transparentes, algo que nem sempre é possível viver com a família;
Quando estamos com os amigos, queremos que as nossas opções e sentimentos sejam respeitados, e assim é;
Estar com os amigos muitas vezes faz com que experimentamos o estado de presença de uma forma alegre e agradável. Na proximidade da morte, o arrependimento por não ter dedicado mais tempo a eles bate forte;
Estar realmente presente em cada decisão da nossa vida, em pensamentos, sentimentos, voz e atitude, pode evitar alguns desses arrependimentos, mas, naquele momento, tomamos a decisão que achamos melhor.
FAZER-SE FELIZ
O último arrependimento, que é a meu ver o resumo de todos os outros, é: «Deveria ter feito de mim mesmo uma pessoa mais feliz.»;
O estado pleno de felicidade é muitas vezes alcançado depois de um momento muito difícil da nossa vida que foi superado. Momentos importantes e tensos pelos quais passamos com sangue, suor e lágrimas, mas saímos inteiros. Cobertos de cicatrizes, mas sobreviventes. Melhores, mais fortes do que antes. Isso traz-nos um estado de felicidade plena;
Talvez a forma mais fácil de viver bem seria se pudéssemos incorporar no nosso dia estas cinco nuances da existência: demonstrar afeto, permitir-se estar com os amigos, fazer-se feliz, fazer as próprias escolhas, trabalhar com algo que faça sentido no seu tempo de vida, e não só no tempo de trabalhar. Sem arrependimentos.
Após essas reflexões, não vamos deixar de fazer o que faz sentido na nossa vida, mesmo que depois a gente se arrependa, mas é melhor se arrepender pelo que foi feito do que pelo o que não foi feito.
Bora lá se realizar e fazer diferença na sua vida e na vida das pessoas ao seu redor!
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