Falar sobre o papel da mulher no mercado de trabalho e sobre a autoestima nesse contexto me faz pensar no quanto o nosso papel vem se transformando ao longo da história, se antes éramos as “procriadoras e cuidadoras do lar”, na atualidade nos colocamos na posição de poder desejar e escolher em qual espaço social desejamos atuar sem nos sentirmos estigmatizadas por rótulos construídos socialmente, ou seja, temos desejado fugir do rótulo de inatividade a que nos encontrávamos vinculadas quando nos classificavam como “donas de casa”.
Se o mercado de trabalho, significa para os homens a manutenção do poder conquistado, para nós mulheres, significa orgulho, desafio, liberdade e auto realização.
Podemos circunscrever a nossa transformação em quatro momentos: *o primeiro em que estávamos fadadas a responder aos desígnios impostos pelo homem; * o segundo em que lutamos frente ao movimento feminista na busca por mais espaço e voz na sociedade; * o terceiro momento em que na buscamos por igualdade de direitos em relação ao homem, por vezes assumindo o lugar deste; * o quarto momento em que visamos alcançar a liberdade para transitar pelos mais diversos lugares da sociedade.
A luta pela equidade (vejamos que equidade é diferente de igualdade) entre os gêneros acabou criando dilemas significativos nós e nossas ações acabaram por nos colocar em um lugar bastante delicado, pois lutar pelos nossos direitos, em muitos momentos, parecia ser a demonstração de que poderíamos simplesmente assumir os mesmos lugares e comportamentos antes privados ao mundo masculino. Dessa forma, a subjetividade feminina era deixada de lado para favorecer um ideal de que deveríamos assumir uma postura mais masculina para obter respeito e reconhecimento.
A nossa afirmação na atualidade, seja feminista ou não, é a busca de uma liberdade para própria. Para podermos escolher em que momento e espaço social desejamos estar, podendo inclusive utilizar dessa capacidade de permear entre o mundo masculino, de um jeito feminino, buscando um equilíbrio.
Hoje, a questão não é mais apenas o trabalho, mas o lugar que nós mulheres nos colocamos em nossas relações, sabendo que os conceitos de masculino e feminino são construções puramente históricas. Queremos poder escolher onde desejamos atuar junto à sociedade; seja no mercado de trabalho, em casa ou em ambos; porém sem sermos estigmatizadas por rótulos construídos socialmente.
Autoestima é a sua régua, sua bússola sobre a percepção de valor que você tem sobre si mesma. E aqui trago alguns pontos de atenção em relação ao que as empresas focam quando entrevistam/contratam mulheres:
“Mulheres são feitas para a família e não para o trabalho”;
Falta de representatividade;
Dificuldade de fazer Networking, por vergonha do que os outros vão pensar ou não querer se expor.
E agora trago os pontos em que nós focamos internamente:
Profecia autorrealizável da impossibilidade de ascensão do sucesso profissional;
Responsabilidade familiar maior internalizada do que a do cônjuge;
Menor confiança em ambientes profissionais, em alguns momentos prefere calar do que se posicionar por medo das críticas, do que outros vão pensar ou até mesmo se desvalidar;
Carimbos culturais e familiares, carregando histórias que não são delas.
E por que isso acontece?
Porque a nossa Síndrome da Impostora nos paralisa e acabamos nos inferiorizando, minimizando as nossas capacidades.
Fiz uma imersão recentemente com a Sonata Brasil, onde foram abordadas as ferramentas abaixo para sairmos dessa cilada da voz da impostora na nossa mente:
1. Ter consciência do seu valor;
2. Rédeas da vida na própria mão;
3. Buscar os fatos, menos suposições;
4. Celebrar os sucessos;
5. Conforto e compartilhamento dos seus fracassos;
6. Falar em público e dar legenda;
7. Troca de alto nível, se inspirar em mulheres que nos inspiram;
8. Ação, ir para arena.
E conseguimos colocar em prática essas ferramentas quando estamos com a nossa Autoestima em ordem para enxergamos as nossas potencialidades, frisando que Autoestima é a nossa reputação consigo mesma, quanto mais clara estiverem as lentes em que enxergamos o mundo, mais assertivas seremos nas nossas escolhas de vida e se estivermos com elas turvas, acabamos distorcendo as situações e a Síndrome da Impostora nos domina.
Referências bibliográficas sobre o tema:
“Deixe a peteca cair: Como as mulheres conquistam mais quando fazem menos” - Tiffany Dufu;
“Síndrome da impostora: Por que nunca nos achamos boas o suficiente?” - Rafa Brites;
“Feminismo e Subjetividade em Tempos Pós-Modernos” - Margareth Rago;
“O PREÇO DA EMANCIPAÇÃO FEMININA. Uma reflexão sobre o estresse gerado pela dupla jornada de trabalho” - Sônia Regina Corrêa Lages.
Comments