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Foto do escritorLuciana Menestrino Gonçalves

"Deixe a Peteca Cair"

Atualizado: 26 de out. de 2024



No clube de leitura “Fortalecimento Feminino" estudamos o livro “Deixe a Peteca Cair”, da escritora Tiffany Dufu. Um livro despretensioso, de uma mulher americana negra que se vê no antigo dilema de priorizar carreira ou família, ela nos mostra que desde muito jovens, as meninas já aprendem, com os brinquedos que possuem, a serem donas de casa. Bonecas bebês, pequenos fogões, máquinas de lavar, vassourinhas nos colocam em um lugar: o de mãe e esposa, a típica rainha do lar.


Abaixo trago algumas reflexões práticas sobre os temas abordados no livro:


  • O quanto é frustrante assumir um cargo estratégico, assumir cargos de liderança e ao mesmo tempo vem o relógio biológico, onde temos que tomar a decisão de ter filhos ou não, ou seja, eles normalmente chegam ao mesmo tempo e o quanto isso é desafiador para nós mulheres e mais cuidar da casa. Conforme a autora traz, “é a confluência cruel entre a carreira, com um diploma universitário e o seu relógio biológico.";


  • Culturalmente fomos educadas a cuidar do lar, que devemos fazer tudo sozinha e além de fazer tudo sozinha, fazer com perfeição, senão nem faça. E por esse motivo as mulheres estabelecem padrões mais altos de sucesso para si mesmas porque se espera que sejam bem-sucedidas tanto no trabalho quanto no lar;


  • O quanto os exemplos de infância impactam na nossa mente enquanto crianças, pois se comumente meninas enxergam as mães fazendo tudo dentro de casa e o os pais sentados no sofá, automaticamente quando elas crescem elas também acabam repetindo esse comportamento, não conseguindo dividir as tarefas e sendo essa ação prejudicial para a sua vida;


  • Outro ponto de alerta é sobre a importância das mulheres administrarem o seu dinheiro e sim, ter uma renda que sustente a ela e a seus filhos, quando eles estão nesse cenário, pois dessa forma terá a sua liberdade de escolha;


  • Ela traz a seguinte frase: “Se quiser algo que nunca teve antes, você vai ter que fazer algo que nunca fez antes.” E é nessa linha que temos que entender que se você quiser compartilhar as atividades do lar com o seu parceiro, você terá que mudar algumas atitudes, comportamentos e negociar algumas coisas para mudar o cenário em que se encontra atualmente, senão nada mudará;


  • Ela traz um ponto para essa mudança de chave que é a delegação imaginária, onde achamos que o nosso parceiro entende o que queremos que ele faça sem precisarmos deixar claro quais são as nossas necessidades e é óbvio que se não verbalizamos ele não vai adivinhar, mas na nossa mente ele deveria e essa atitude gera uma frustração, um desconforto, o qual nós não enxergamos que esse desconforto está sendo causado por nós mesmas. Muito cuidado com o óbvio, o que é óbvio para mim não é óbvio para o outro. Nesses casos, o combinado não sai caro;


  • Ela traz também sobre a "Síndrome do Controle do Lar” (SCL), onde muitas mulheres sentem uma necessidade compulsiva de controlar, que tudo seja feito de um jeito específico e de preferência do seu jeito e isso está muito ligado com a ânsia do sucesso, ou seja, devo ser bem sucedida em todas as áreas da minha vida, e podemos linkar essa síndrome por uma relutância em abdicar do único lugar onde a autoridade feminina é inquestionável. Um dos efeitos mais danosos do SCL é que muitas vezes ela tolhe nossos objetivos profissionais;


  • Outro conceito muito importante que ela traz é sobre a "Síndrome da Cavaleira Solitária", pois como queremos manter o controle de tudo acabamos não nos rendendo a pedir ajuda e isso acontece porque é muito mais fácil e rápido nós mesmas fazermos determinada tarefa do que ter que ensinar. E esse ponto trago também para o ambiente corporativo, onde muitas vezes preferimos nos sobrecarregarmos do que pedir ajuda, pois o pedir ajuda mostra as nossas vulnerabilidades e não queremos que os outros nos vejam como incapazes;


  • A grande maioria das mulheres tem a mania de fazer listas para tudo e ao final de cada atividade descrita quando finalizada demos um check, mas o que não percebemos nessa simples atividade é o quanto nos angustia não ter feito aquele check ao final do dia e nos gera frustração de não ter realizado; e além da frustração o esgotamento, pois queremos dar conta de tudo, e é humanamente impossível. Decida o que é mais importante para você e o resto se organiza;


  • Trago uma citação onde a psicóloga Dra. Ayala Malach Pines argumenta que “a principal causa do esgotamento não é o fato de termos muito a fazer, mas a sensação de que as coisas que fazemos não são tão importantes ou não refletem quem somos”;


  • Outro ponto que me chamou atenção no livro que ela aborda é que mesmo a mulher ganhando mais ou até mesmo sendo a provedora da casa, a cultura e o condicionamento social exercem uma influência mais poderosa sobre os nossos lares que o dinheiro, fazendo com que continuemos sendo a provedora do lar também;


  • Quando fazemos a nossa lista de afazeres acabamos não priorizando nessa lista o que somente você pode fazer e delegando o que outra pessoa poderia fazer por você, diminuindo assim empregar tempo e energia em situações que podem ser administradas por outros e de uma forma mais assertiva do que você fosse fazer. “O que você faz é menos importante do que a diferença que você causa”;


  • Delegar com alegria é pedir ajuda a alguém com um propósito maior do que a tarefa em si. Quando delegamos com alegria, colocamos a tarefa num contexto maior, mais significativo e quem a recebe executa com prazer;


  • Cultivar uma rede de apoio é como cuidar de um jardim, leva tempo para dar frutos, mas as redes mais poderosas são alimentadas com o tempo. Essas redes são compostas por membros da família, vizinhos, amigos, babás, entre outros;


  • É importante dar luz a diferença entre o modo como homens e mulheres se envolvem no trabalho: 1) O conceito de igualdade não significa semelhança, ou seja, homens e mulheres fazem a mesma tarefa de formas completamente diferentes e está tudo bem, pois o objetivo principal foi alcançado; 2) A organização projetada para o homem desde a Revolução Industrial, onde homem é provedor e mulher cuida do gerenciamento do lar e enquanto não rompermos essa barreira, cada vez mais continuaremos sobrecarregadas e esgotadas e os homens não conseguem se tornar nossos parceiros nessa divisão de tarefas; 3) Moldar mulheres para que pensem e ajam como homens, temos que ter a harmonia do masculino e do feminino para que consigamos evoluir de forma assertiva e não perpetuar que nosso estilo é inferior em comparação aos dos homens; 4) Supor que os comportamentos dos homens são intencionais, sendo que eles fazem o que entendem ser certo naquela situação;


  • Ela traz que as palavras de afirmação que a mãe dela deu para ela na infância e adolescência, foram o melhor presente, pois quando fazemos a declaração de que algo positivo existe e é verdadeiro, tem o poder de inspirar o bem. Por outro lado, a falta de afirmação tem o poder de causar danos, causando impacto no nosso desempenho e minando a nossa autoconfiança;


"Quando reconhecemos o nosso valor, acreditamos que valemos o investimento."

  • Aqui trago um contraponto em relação à cultura referente aos homens que também não é nada leve, pois enquanto as mulheres são vítimas dos estereótipos do lar, os homens são vítimas do estereótipo do pai inútil, onde sabemos que não é verdade, bem pelo contrário, vemos muitos pais tão dedicados e comprometidos com a educação dos seus filhos quanto as mulheres; e infelizmente a publicidade é uma das maiores incentivadoras desse estereótipo. Somos responsáveis em não potencializar o mesmo e cada vez mais permitir que os homens assumam o seu papel de pai dentro do lar;


  • Segundo a autora: “se realmente quisermos que os homens contribuam mais em casa, precisamos deixar de vê-los como incapazes, inúteis ou egoístas e passar a vê-los como agentes de mudança em nossas vidas, inteligentes, capazes e generosos. Quando fazemos isso, aumentamos a probabilidade de que eles correspondam como pais, maridos e seres humanos. Também impulsionamos nossas próprias possibilidades.”;


  • Referente ao homem, precisamos aposentar as seguintes mensagens: 1) “Ele não dá conta dos detalhes”, quando os dois fazem o seu melhor, seus esforços se complementam e a família com um todo se beneficia; 2) “Ele nunca está em casa”, nos dias atuais os homens não precisam se isentar de dividir as tarefas do lar; 3) “Ele não sabe o que é melhor para os nossos filhos”, os homens podem não ter tanta prática de cuidado, mas são tão capazes quanto as mulheres quando tem oportunidade;


  • Cito aqui os três obstáculos que impedem de se ter uma vida de alegria e felicidade: 1) Culpa, precisamos superar esse obstáculo, pois pedir desculpa é um hábito difícil de largar, pois somos treinadas a nos sentirmos culpadas por tudo, mas temos que ter consciência que podemos ser felizes e imperfeitas ao mesmo tempo; 2) Desrespeitar os nossos limites, precisamos nos tratar como gostaríamos de ser tratadas. Como a Dra. Carter diz: “Poucas coisas exigem tanta coragem quanto uma mulher atender às próprias necessidades.”; 3) Falta de hábitos de felicidade, a felicidade é um estado que nasce no ato de colocar em prática o que mais importa para nós;


  • Em relação à gestão do tempo das mulheres, a autora sugeres “4 Ações”: 1) Praticar exercícios, se manter saudável; 2) Sair para almoçar e nutrir os relacionamentos; 3) Ir a eventos, se manter visível, fazer networking, nutrir a sua rede; 4) Dormir, recuperar-se, sendo essa a principal, pois se não descansamos não temos energia para dar conta do que realmente importa.


Em síntese, mulheres que deixam a peteca cair ascendem na carreira sem sacrificar o bem-estar de suas famílias porque estão livres da expectativa imposta de que seu papel é cuidar de tudo em casa. Elas também testemunham o sucesso do parceiro em casa e não se preocupam com o fato de que as coisas podem dar errado.


"Amar a nós mesmos nas nossas imperfeições é pré-requisito para deixar a peteca cair."

O primeiro passo para deixar a peteca cair é superar o medo de deixar essa peteca ficar no chão. Temos que deixá-la cair pra sentir a liberdade, rir alto e viver plenamente.



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