Quando nasce uma criança, vêm acompanhado de sonhos, expectativas, planejamentos e muitas idealizações para o seu futuro. Como pais, estamos sempre querendo o melhor para nossos filhos e para o seu futuro, mas nem sempre o rumo da vida deles acontece da maneira como queremos.
Segundo Freud, encontramos um renascimento do narcisismo nas atitudes dos pais afetuosos em relação aos filhos, o amor a si mesmos. Os pais lhes atribuem toda a perfeição e esperam que cumpram seus desejos e sonhos não realizados: seus filhos não passarão pelas mesmas dificuldades que eles mesmos passaram.
Diante disso, podemos compreender parcialmente os motivos da decepção com as crianças. As expectativas projetadas correspondem ao projeto pessoal dos pais e muitas vezes não levam em consideração as características específicas da criança ou jovem adulto. Mesmo quando uma criança tenta se encaixar, muitas vezes está além de sua capacidade.
Muitas das dificuldades que os pais encontraram quando crianças reaparecem em seu relacionamento com seus filhos. A maneira como lidam com essas dificuldades, muitas vezes em nível inconsciente, pode levar as crianças aos comportamentos que menos aprovam.
Mudanças excessivas na própria ansiedade e expectativas representam um fardo sobrecarregado para a criança, mais do que ela pode suportar, com alto potencial de turbulência e decepção, especialmente durante a adolescência. Nesses casos, os pais precisam de ajuda psicológica para que possam enfrentar suas vidas sem precisar indicar outra pessoa para isso.
Hoje, descobrimos que as crianças têm tantos horários de atividades que rivalizam com os adultos e têm pouco tempo para brincar livremente. Atrás dela estão os pais que querem que seus filhos sejam muito inteligentes, bons atletas. Na verdade, sua missão é inspirar autoestima e responder ao desejo de admiração dos próprios pais. (Referência: Freud, S. (1914) – Sobre o Narcisismo: uma introdução.)
Se a criança é obrigada a seguir determinado caminho, ela não aprende a ser ela mesma e se torna emocionalmente dependente, precisando sempre de aprovação externa, passando a fazer o que a maioria faz. O excesso de expectativa, mesmo quando bem intencionadas, é bastante prejudicial na criação.
É vital, na construção das relações, que seu filho entenda que o amor que você sente por ele é incondicional e independe de expectativas cumpridas. Assim, ele se sentirá seguro e suportado nos momentos de tropeço. Esse processo inclusive facilitará que seu pequeno se comporte com mais segurança.
É importante trazer aqui que a criação de um filho não é um plano de negócios, os resultados são diários e facilmente mutáveis. Ambos estão em construção, enquanto o filho aprende a ser filho, os pais aprendem a ser pais.
E nessa linha das expectativas atitudes corriqueiras que repetimos sem perceber podem, por exemplo, deixar as crianças inseguras, influenciando diretamente em uma falta de autoestima. Segue atitudes que fazemos sem perceber que deixam as crianças inseguras:
Comparar seu filho: Mesmo intenção seja elogiar e motivar, ao comparar a criança com outra, cria-se uma pressão e até um sentimento de disputa, que pode gerar frustração e insegurança;
Relembrar repetidamente os erros da criança: Errar faz parte da vida e é com os erros que aprendemos a acertar. Mas focar apenas nos erros do seu pequeno, pode deixá-lo inseguro e com medo de tentar. Portanto, quando ele fizer algo “errado”, converse e explique o porquê de aquilo não estar certo e foque em suas tentativas acertadas;
Fazer tudo pela criança por achar que ela é incapaz: Por mais que o primeiro instinto de pais e mães seja sempre proteger os filhos, a superproteção não permite que os pequenos aprendam a lidar com as possíveis consequências negativas de suas decisões e aprendam com seus erros;
Não valorizar suas pequenas conquistas: Aprender a olhar as horas, amarrar o cadarço, conquistar o segundo ou terceiro lugar em uma competição, fazer uma descoberta, são as pequenas conquistas da infância que devemos como pais valorizar. Não que tudo precise virar uma chuva de elogios e recompensas, mas um “Parabéns!”, um “Fico feliz que tenha chegado até aí!” ou um “Você está no caminho certo, muito bem!”, podem fazer toda a diferença na autoestima e autoconfiança do seu filho;
Cobrar mais do que seu pequeno pode dar: Cobranças excessivas, que desconsideram os limites e a individualidade da criança, podem ter o efeito contrário à motivação, causando estresse, ansiedade e insegurança. Considerar a personalidade, os gostos e os limites dos filhos é fundamental para potencializar suas habilidades e deixá-los mais confiantes para explorar ao máximo seu potencial;
Discutir as frustrações do dia a dia na frente da criança: Toda família tem problemas. Falta de dinheiro, falta de tempo, divergências familiares, perdas e separações são coisas inevitáveis e todos passam, mais cedo ou mais tarde, por isso. No entanto, expor e discutir frustrações e problemas “de adulto” na frente do seu filho pode deixá-lo ansioso, culpado e inseguro. Claro que, conforme ele fica maior, alguns assuntos já podem (e devem) ser abordados com ele, afinal ele também é um membro da família. Mas sempre respeitando seu tempo e sua idade, e falando da forma mais adequada para que ele compreenda o que está acontecendo. (Referência - Blog da Leiturinha)
Em contrapartida o que podemos fazer para ajudar nossos filhos no futuro:
Corpo ativo na infância, adulto saudável: Nós somos responsáveis por incentivar que eles mexam mais o corpinho, seja levando periodicamente a parquinhos abertos ou matriculando na aula de natação, no judô, no ballet, na ginástica olímpica, por exemplo. Isso vai dar um chega para lá no sedentarismo e os esforços físicos podem ser um hábito que aquela criança vai carregar pelo resto da vida;
Hobbies saudáveis: Além dos esportes que mantém o corpo saudável, também faz bem se esforçar para que a criança tenha um hobby que trabalhe a mente. Podemos mostrar para eles aquele tipo de música que a gente mais gosta de ouvir, apresentar livros indicados por outras mães e pais ou levá-los a exposições temáticas como as que falam de dinossauros e astronomia. Algum desses assuntos vai capturar a atenção da criança e fazer com que ela leia e pesquise por conta própria dali para frente;
Empatia é algo para ser ensinado em todo momento: Ensinar como nossos filhos podem se dar bem no futuro é importante, mas também vale se preocupar em criar adultos que vão fazer bem à sociedade. Colocar o pequeno para ajudar uma vizinha a carregar as bolsas também pode ser uma boa opção, sempre reforçando que ele tem o dever de ajudar os outros;
Dar tarefas é criar adultos responsáveis no futuro: Achamos que os nossos filhos ainda são muito pequenos para realizar tarefas em casa, mas a verdade é que isso faz muito bem para eles. Pode começar desde os dois anos com a função de guardar os próprios brinquedos e ir evoluindo para missões como colocar a mesa, tirar o lixo e colocar a água do cachorro. São funções que vão virar um hábito e farão a criança entender que ela nunca terá tudo na mão quando for adulta;
Ensinar lições de economia cria adultos controlados: Nesse mundo cheio de estímulos para “comprar, comprar e comprar”, é um cuidado fundamental para ensinar às nossas crianças que não é bem assim. Uma ferramenta simples como um cofrinho mostra para elas que é preciso controle ao economizar para ganhar aquela bicicleta no final do ano. Se isso virar um hábito, essa criança vai crescer sabendo que colocar um dinheirinho na poupança é saudável e terá mais chances de realizar seus sonhos no futuro. (Referência - Blog da Leiturinha)
Referências bibliográficas sobre o tema:
"Pais e mães conscientes" – Shefali Tsabary;
"Por que gritamos" – Elisama Santos;
"O livro que você gostaria que seus pais tivessem lido: (e seus filhos ficarão gratos por você ler)" - Philippa Perry.
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